Chefchaouen localiza-se no noroeste de Marrocos e é um dos pontos de referência do país. É conhecida como a cidade azul e a sua beleza e carisma falam por si. Por isso, neste artigo partilho contigo todas as informações sobre a cidade de Chefchaouen: quando visitar, como chegar, o que ver e fazer e onde podes dormir.

Marrocos é um país fantástico e, agora sim, compreendo a razão pela qual muitos dos viajantes com quem já me tinha cruzado antes, diziam adorar o país. Realmente, tem algo de enigmático, de belo, natural e ao mesmo tempo de aventura e imensidão. Falar de Marrocos é falar de generosidade, de simpatia, de deserto, e de muita aventura e beleza.

Confesso que esta viagem a Marrocos não foi uma simples viagem de avião. E nem tão pouco de um só destino. Foi muito mais do isso. Foram vários lugares, várias cidades e várias aventuras.
Foi uma viagem de jipe 4×4 desde Portugal até Marrocos, o que contribuiu maioritariamente para o aumento dos níveis de adrenalina durante toda a viagem. Foram quase 15 dias de roda no ar a explorar ao máximo tudo o que este país magnífico tinha para me oferecer.

E Chefchaouen foi uma das primeiras cidades que visitei desde que pisei em terras marroquinas. Um lugar colorido, simpático e quase mágico, devido à sua intensa cor azul. Sem dúvida, um lugar único que todos querem colocar no fundo de um painel fotográfico.
Por isso, neste artigo, convido-te a conhecer este lugar fantástico, situado na encosta das montanhas do Rif. Uma verdadeira criação artística de tons marcantes que apaixona e continuará a apaixonar qualquer viajante.
O que vais encontrar neste artigo sobre Chefchaouen:
- História de Chefchaouen
- Porque razão Chefchaouen é azul?
- Quando visitar Chefchaouen?
- Como chegar a Chefchaouen?
- O que visitar em Chefchaouen?
- Passear pela medina
- Fazer compras nos souks de Chefchaouen
- Visitar a Praça El Hauta
- Desfrutar da alegre praça de Uta El-Hammam
- Apreciar a Grande Mesquita
- Conhecer a história de Chefchaouen numa visita ao Museu Kasbah
- Visitar a Cascata de Ras El-Maa
- Desfrutar da paisagem fantástica da Mesquita Espanhola
- Mergulhar nas Cascatas d’Akchour
- Fumar um ‘charro’/marijuana/’machonha’
- Atividades para fazer em Chefchaouen?
Chefchaouen foi fundada por Moulay Ali Ben Rachid, em 1471. E surgiu com a construção de uma pequena fortaleza, um Kasbah, que tinha como objetivo fazer frente às forças portuguesas no Norte de África, em Ceuta.
Afinal, nada como assentar base numa localização estratégica para combater as forças portuguesas. Algures nas montanhas do Rif, lugar discreto com proximidade ao rio, permitindo um reabastecimento e poder de contra-ataque.

Com o passar dos anos, a cidade de Chefchaouen prosperou e foi-se desenvolvendo cada vez mais nos muros do Kasbah (construção de apoio militar). Recebeu muitos mouriscos e sefarditas expulsos de Espanha. E rapidamente se tornou o centro de um principado genuíno, com poder político independente e influência além dos limites da área do Rif.
Apesar de tudo, a cidade foi sofrendo algumas tentativas de ataque, nomeadamente de portugueses, tribos berberes rebeldes e espanhóis. E por essa mesma razão, a cidade foi fechada a todos os estrangeiros até ao início da ocupação espanhola, em 1920.

Até então, só ocorriam visitas a Chefchaouen por meio de disfarces. E, escusado será dizer que este tipo de visita clandestina colocaria em risco a vida de quem tomasse essa liberdade.
Mas apesar dos pesares, a cidade recebeu os seus primeiros três viajantes antes da ocupação espanhola. O explorador francês Charles Foucauld, disfarçado de rabino. Jornalista inglês Walter Harris, disfarçado de rifeño. E o pobre William Summers, um missionário americano, que acabou por morrer envenenado dentro da cidade azul.
Apesar da ocupação espanhola em 1920, durante a guerra do Rif Abd-el Krim (1924-1926), Espanha não consegue resistir e é expulsa. No entanto, pouco tempo depois, em Setembro de 1926, consegue reconquistar a cidade. Mas, com a independência marroquina em 1956, volta a perder o domínio da cidade.
As ruas e escadarias azuis, as lojas coloridas e os gatos são alguns dos elementos que mais caracterizam esta pequena cidade Marroquina. Os gatos porque ajudam a controlar as pragas.
E o azul, por vários motivos. Alguns acreditam que a cor azul tem origem na comunidade judaica que chegou à cidade durante a segunda guerra mundial. Simbolizando o poder do céu, a paz e a segurança. Outros, disseminam que as paredes são pintadas de azul para afugentar os mosquitos e combater o calor infernal do verão marroquino, ajudando a manter as casas mais frescas.

Seja qual for o motivo para esta arte, a verdade é que faz movimentar o turismo em Chefchaouen, e por isso as paredes mantêm-se imaculadas durante todo o ano. A cal está disponivel na medina, assim como o pigmento em pó que é exposto em sacos abertos do lado de fora das lojas.
Daquilo que vi na cidade, há muito cuidado e limpeza no centro histórico. E isso é uma coisa que não vais encontrar em todos os lugares de Marrocos, acredita.
Os verões em Marrocos são bastante intensos e os invernos conseguem ser frios e as noites ainda mais gélidas. Por isso, a melhor altura para visitar as cidades mais interiores de Marrocos é durante a primavera (abril, maio, junho) ou outono (setembro, outubro).
Visitei a cidade azul em pleno pico de verão, julho, e posso dizer que é bastante ardente. No entanto, não foi isso que me tirou o entusiasmo ou a vontade de conhecer Marrocos ou qualquer outro destino do país, incluindo Chefchaouen.
E é, precisamente, por ter passado pela experiência que aconselho uma visita com um pouco menos de calor. As visitas e atividades tornam-se mais agradáveis durante o dia. Principalmente, para quem tem tensão baixa.

Não é fácil e tão pouco rápido chegar a Chefchaouen. Principalmente para quem visita Marrocos de avião. Porque não há aeroportos perto da cidade. E, portanto, a única maneira de chegares a Chefchaouen é por estrada, seja de táxi, autocarro (ônibus), ou de carro alugado.
Podes chegar a Chefchaouen a partir das cidades mais próximas, como Tânger e Tétouan. Ou através de outras cidades, mas um pouco mais distantes, como Fez (localizada um pouco mais a sul), Rabat e Casablanca (ambas no litoral atlântico).
Se tiveres interesse em fazer visitas guiadas recomendo o seguinte:
Chegar de autocarro/ônibus (através da CTM), a partir de:
- Tânger: 2h30
- Tétouan: 1h15
- Fez: 4h30
- Rabat: 5h00
- Casablanca: 6h30
Como eu entrei em Marrocos de carro, não precisei procurar meio de transporte para me deslocar. Visitei Chefchaouen e de seguida desloquei-me para a cidade de Fez. Posso assegurar que o caminho desde Tânger a Chefchaouen é bastante agradável e que as estradas estão em boas condições.
No entanto, tendo em conta o número de quilómetros, o tempo de deslocação é bastante elevado. Porque, apesar de boas, as estradas são curvas, contracurvas, serra, etc. Tudo isto, contribui para o aumento do tempo de deslocação em viagem.
Compreendo que não seja muito agradável para quem tem o tempo de viagem contado. Mas, por outro lado, é ótimo porque tens a oportunidade de conhecer um pouco mais do país, das paisagens entre cidades, dos elementos caracterizadores, e muito mais. Dá outra perspectiva e visão da riqueza do país.
Dentro da cidade azul não precisas de meio de transporte. Chefchaouen é suficientemente pequena para te deslocares a pé. Até porque no centro histórico não circulam carros.

Chefchaouen é um charme de início a fim da viagem, por isso, a melhor forma de explorá-la é deambulando pelas ruas. Caminhar e passear lentamente por cada rua, por cada arco, por cada escadaria, cada loja colorida.
É um misto de entusiasmo e de encantamento. Além disso, as pessoas são muito simpáticas, e portanto vais poder estabelecer conversa com os habitantes locais e vendedores de artesanato, tranquilamente.
Até porque, caso não o saibas, além do árabe, em Marrocos falam-se muitas línguas: inglês, espanhol, francês e até um pouco de ‘portunhol’. Por isso, certamente, a diferença linguística não será uma barreira para ti.
Quanto tempo devo dispensar para visitar Chefchaouen? Aconselho um a dois dias completos para visitar a cidade tranquilamente, conviver, tirar muitas fotografias e assistir ao pôr-do-sol maravilhoso diretamente da encosta da montanha do Rif.
Abaixo, partilho contigo os melhores lugares para uma visita incrível à cidade azul.

Como já referi, uma das formas mais genuínas de conhecer a vida quotidiana dos habitantes de Chefchaouen é passear pela medina. Descobrir cada canto e recanto. Apreciar cada arte, porta, fonte, beco. Os diferentes tons de azul e os gatinhos fofos e amigáveis que passeiam felizes pelas ruas da cidade.
Pessoalmente, partilho da opinião de que cada rua é uma descoberta. Adorei passear, divertir-me com os gatinhos, conhecer os pontos de interesse e meter conversa com os habitantes locais.

Δ Dica: cuidado na altura de tirares fotografias, porque há pessoas que não gostam de ser fotografadas. E chegam mesmo a reclamar na sua língua nativa. Portanto, é bom manter o respeito e a descrição. Por outro lado, caso queiras captar alguma pessoa em pormenor, pede autorização.
Fazer compras nos souks está automaticamente implícito numa visita à medina de Chefchaouen. Portanto, dedica algum tempo e dinheiro a fazer movimentar a economia da cidade.
Diverte-te a regatear com os lojistas e a descobrir todas as coisas fantásticas que produzem. Tapeçarias, roupas, sabonetes, arte, couros. Tudo é produzido localmente e com muito orgulho. Os tapetes em lã local são produzidos pelas senhoras. Assim como os sapatos, que são produzidos por elas, e acabados pelos senhores.
É muito interessante, de facto, a dinâmica que existe nesta pequena cidade, assim como em todo o país de Marrocos. Se tiveres fome, experimenta comprar o pão que é vendido nas pequenas bancas. Há muitas por toda a cidade.

Δ Dica: regateia sempre o preço de algum artigo que tenhas interesse em comprar. Faz parte da arte de negociar em Marrocos. Caso contrário vais pagar um valor muito acima daquele que é suposto.
Uma praça muito pacata e pitoresca que adorei conhecer em Chefchaouen. Tem um enquadramento arquitetónico fantástico, com um edifício típico marroquino, uma fonte extremamente bem decorada no centro da praça (a fonte El Hauta) e uma vista singular para as montanhas.

Em torno da praça existem cafés, restaurante e alguns bancos para os mais cansados poderem fazer uma pausa e desfrutar da beleza envolvente. As cores vibrantes e os pormenores falam por si e chamam a atenção de qualquer visitante. Além disso, no calor, sabe sempre bem refrescar a cara com um pouco de água fresca vinda das montanhas do Rif.
Junto á praça El Hauta, está localizado o Centro Cultural de Chefchaouen. Apresenta uma arquitetura típica lindíssima. Vale a pena passar por aqui e apreciar toda esta delícia cultural.

Esta é, sem dúvida, a praça mais movimentada de toda a medina de Chefchaouen. Os cafés e restaurantes alegram o espaço, e além disso oferecem uma vista privilegiada para a Grande Mesquita e o Kasbah.
Portanto, senta-te num destes cafés da praça e desfruta de um copo de chá de menta. Caso seja hora de almoço ou de jantar, pede algo típico da região para ficares a conhecer os sabores regionais.

A Grande Mesquita foi um dos primeiros edifícios construídos com a fundação de Chefchaouen, em 1471. É conhecida pela sua torre octogonal e é uma das construções mais importantes da cidade azul.
No entanto, não está acessível a qualquer visitante. A entrada só está permitida a muçulmanos, por isso, só nos resta contemplar o edifício do lado exterior.

Os Kasbah são fortificações, de origem berbere, construídas em áreas de interesse estratégico. Eram lugares onde as pessoas se podiam proteger de invasões, ataques, mas também do frio e de tempestades de areia.

A construção do Kasbah em Chefchaouen ajudou a fazer frente aos diversos ataques e contribuiu para o desenvolvimento da cidade ao longo dos tempos.
Assim sendo, neste museu vais poder aprender um pouco mais sobre a história da cidade azul. Passear descontraidamento pelos jardins Andaluzes exuberantes, desfrutar das vistas panorâmicas a partir das torres de vigia, conhecer as celas dos prisioneiros e o antigo palácio, hoje convertido num museu etnográfico.
Este museu expõe uma série de peças culturais e artísticas que caracterizam a história de Chefchaouen, como roupas, instrumentos musicais e armas usadas no norte de Marrocos.
A cascata de Ras El-Maa fica logo depois do portão nordeste da medina de Chefchaouen. Cerca de 20 minutos de caminhada desde o centro da cidade. Aqui vais encontrar as águas frescas e correntes vindas da montanha do Rif.
Um ponto de interesse muito agradável, onde podes aproveitar para descansar e refrescar a pele. É pura natureza. Além disso, é de tal forma importante que continua a ser o único fornecedor de água potável da cidade. Provavelmente também irás encontrar locais a lavarem as suas roupas neste canto refrescante.

A Mesquita Espanhola foi construída pelos espanhóis (na década de 1920), mas como não ganhou popularidade, acabou por nunca chegar a ser usada. No entanto, devido à sua localização privilegiada, tem sido lugar de visita para muitos turistas e viajantes.
Confesso que este lugar, localizado nos arredores de Chefchaouen, tem de facto uma vista maravilhosa para toda a cidade azul. É um lugar perfeito para desfrutares de um picnic, por do sol ou de uma simples visita.

Não é propriamente um ponto de interesse encostado à cidade de Chefchaouen, mas é relativamente perto. As cascatas de d’Akchour ficam situadas a 30,0 km, o equivalente a cerca de 45-50 minutos de distância da cidade azul.
Ao longo do percurso vais encontrando pequenas cascatas, até à chegares à grande e impactante cascata de Akchour. Uma cascata incrível que alimenta uma piscina maravilhosa de águas verde-esmeralda. E posso assegurar que é de apaixonar qualquer visitante! A beleza não está apenas nas cascatas, mas também em toda a envolvência, no percurso da caminhada, nas paisagens adjacentes. É incrível, mesmo.

Um bom ponto para incluir numa viagem de carro ao norte de Marrocos ou até mesmo numa viagem mais longa até Chefchaouen ou Fez. Sem dúvida, um pequeno desvio que podes e deves incluir na tua imersão a Marrocos.
Por outro lado, se não tiveres carro próprio, podes sempre chegar à cascata através de taxi ou carro alugado. O trilho para chegar à cascata é bastante pacífico, natural e relaxante. Portanto, certamente não terás dificuldades em percorrê-lo.
Além disso, posso acrescentar que elas cascatas não têm tanta afluência e confusão como nas cascatas de Ouzoud, próximo de Marraquexe.
Δ Dica: se contratares um taxi para te levar às cascatas de Akchour, negoceia previamente o valor da deslocação. Caso contrário, eles vão pedir-te um valor chorudo pelo serviço. Convém regatear bem o preço.

Não sei se é a tua praia, mas é uma das coisas que podes experimentar fazer em Chefchaouen. Há muita produção agrícola nas redondezas, além disso geram-se muitos convites durante a visita.
Pessoalmente, não fumei, porque não é a minha onda. Mas, é uma prática bastante natural por aqui. Portanto, se tiveres interesse ou curiosidade, pode ser uma ideia diferente para experimentares durante a visita a Chefchaouen.
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